terça-feira, 18 de maio de 2010

"Portugal: que Futuro?"


Excerto do livro “Portugal: que Futuro?” de Medina Carreira:

“…pensar-se sempre nas limitações estruturais da nossa economia; não esquecer que a globalização é imperativa e que, por isso, vivemos num mercado muito aberto e competitivo.
Condicionados, no mínimo, por estes factores, dir-se-á que: primeiro, o nosso significativo crescimento só é possível pela satisfação da procura externa, isto é, exportando mais; segundo, que isto depende da atracção de investimentos, nacionais e estrangeiros, adequados; e que, terceiro, a criação de condições de atractividade desses investimentos, em mercado livre, é função das reformas que o Estado português venha a realizar, criando, assim, vantagens competitivas.
Seguindo o sentido das deslocalizações que têm ocorrido é, sobretudo, no leste europeu que se encontram hoje os países mais atractivos para os investimentos.
Entre as vantagens que oferecem encontram-se, provavelmente, os níveis salariais, os graus de preparação escolar e técnica; o regime laboral; o peso, a simplicidade, a estabilidade e a atractividade dos regimes fiscais; a transparência, a rapidez e a seriedade com que são tratados os processos burocráticos; o grau e o nível da corrupção existente; a celeridade e o custo dos processos judiciais, em especial dos fiscais, dos de condenação cível, dos de execução e dos do trabalho; as tarifas da energia e das comunicações.
Eventualmente algo mais.
Compreendamos, então, o que é inevitável: sejam quais forem os requisitos exigidos pelos investidores, eles só nos procurarão se lhes oferecermos condições mais vantajosas do que as dos outros países concorrentes.
Inteiramente livres nas suas decisões, tais investidores subordinar-se-ão sempre, e como é lógico, à consideração dos seus próprios interesses.
Vociferar contra isto, como acontece com alguns «voluntaristas», é patético: na realidade só podemos «pegar» ou «largar».
Neste jogo, não somos livres.”

Sem comentários:

Enviar um comentário