quarta-feira, 5 de maio de 2010

É preciso recuar 900 anos…


Há quase 900 anos, Portugal foi governado por um soberano que, através da sua visão estratégica do reino no que dizia respeito à crucial importância do desenvolvimento sustentado alicerçado num povoamento equilibrado do território nacional, escreveu o seu nome na história sob o cognome de “O Povoador” e é considerado por muitos historiadores um dos Grandes Reis da nossa História. Refiro-me, como já devem ter percebido, a D. Sancho I. Actualmente vemos o nosso País com um desequilíbrio tão avassalador no que diz respeito ao nosso desenvolvimento regional que, em alguns casos, tenho muitas e fundadas dúvidas acerca da sua irreversibilidade. O actual regime democrático, com todos os instrumentos, a todos os níveis, nas suas mãos, nomeadamente todo o dinheiro atribuído pela União Europeia para a concretização desse objectivo, conseguiu construir um País muito mais assimétrico e desigual do que o que tínhamos há 35 anos atrás! Considero até que esta foi a maior derrota da nossa Democracia. E eu não atribuo este fracasso apenas aos governantes e respectivas políticas postas em prática, pois as mesmas apenas reflectiram a vontade do povo, que só se deixa iludir até onde quer e portanto penso que há uma responsabilidade repartida nesta problemática, que resulta de uma visão errada da nossa realidade e das perspectivas de futuro por parte de todos, desde governantes, políticos, empresários até ao mais comum dos cidadãos. O que é necessário, em meu entender, neste momento, é um exercício de consciencialização nacional no sentido de sensibilizar as pessoas para que as mesmas sejam sensíveis a esta realidade preocupante, porque só todos em conjunto poderemos criar sinergias e mudar o actual rumo que nos está a conduzir a um abismo do qual não vejo capacidade para podermos sair se nele cairmos. Para finalizar, apenas um apelo à reflexão: porque será que não há mais empresas a instalarem-se no interior onde os factores motivacionais dos respectivos colaboradores, nomeadamente o custo de vida muito mais baixo, as muito menos horas nas filas de transito, entre muitos outros que, em parceria com politicas laborais adequadas, levariam certamente a um aumento de produtividade com benefícios para todo o País? Será que o afastamento da via marítima para o transporte dos produtos produzidos é suficiente para explicar todo este cenário desolador?

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